segunda-feira, 6 de outubro de 2014

FEMINISMO X MODA

Um senso bem comum afirma que as “reclamonas” feministas assim o são porque são “mal comidas”. Pensamento desrespeitoso a outra pessoa eu também desrespeito. Ponto.
Outro senso comum, mais generalizado é que as feministas são “jaburus”, sapatas, mal arrumadas, tal como mulheres pelo avesso da roupa.
Avessas sim a modismos muitas feministas talvez pequem pelo excesso de pragmatismo por seus ideais e muitas são mesmo umas chatas!  (pronto, falei!).
Mas não!
Discursivamente, o feminismo é definido como uma teoria de igualdade política, econômica e social. O discurso feminista surgiu a partir da conscientização da opressão, e isso já é bem antigo! O discurso sim, a opressão, nem se fala!!! A partir daí, discussões mais acirradas sob alguns pontos corroboraram para o surgimento de um certo preconceito por parte de alguns sobre o movimento, e sobre as próprias feministas (pessoas!). Cabe lembrar uma diferenciação quase nunca utilizada entre feminismo e “femismo”, este sim, o antônimo de machismo, pretendendo aí uma supremacia feminina!
A mulher à procura!… Porque nenhum dos símbolos masculinos e femininos da nossa cultura tem sido capaz de definir sozinho a identidade de mulher (incluindo o corpo, aqui, como elemento cultural… e muitas questões em torno).
Se na busca por uma identidade de gênero elejo duas ou três características do feminino tradicional, resta saber porque o faço. Tradição mesmo, senso estético ditado em manuais vogue, comodismo, submissão ao outro e às normas identitárias. A questão que realmente faz questão é o quantum de sacrifício e mutilação estão embutidos nesta ação, desde o aperto do sapato, às dietas para ser estupidamente magra, passando por ter ou não pelos pelo corpo, ou pintar os cabelos já brancos, ou não.
Fomos acostumados (as) a lidar com imagens femininas de uma só face, um só referencial, e machistóide, porque é o que (ainda) temos à disposição neste mundinho!
Mesmo dentre estas formas de se estar, a moda como ciclo já define um tanto disso ou daquilo, destes devires de como ser mulher. Agradecemos muito quando a moda dos sapatos une o belo ao confortável, num modo quase platônico (bom = belo = verdadeiro). Tendo a considerar que andam juntos, como por exemplo o salto largo, retrô, bicos quadrados, bem mais confortáveis, e que para a felicidade destes meus pés, dão também um ar, mais a ver com a imagem de uma mulher up to date, menos assujeitada aos saltos agulha e bicos finos (pavorosos!!! Para mim, é claro!). E se gosto não se discute, a moda, em seus vai-e-vens e identificação com certo molde do feminino (E Deus fez a Mulher… e jogou o molde fora), tende, assim como o conceito do belo, estar sujeito aos gostos e escolhas individuais.
Mas diante da pesquisa recente do IPEA, “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”… O que dizer??? Um inequívoco reflexo do pensamento majoritário da sociedade brasileira. Óhmeuzeus!!! Este pensamento presente mesmo entre as mulheres assusta, mas demonstra um tanto da culpabilização internalizada por tudo que fazem contra elas (nós), daí poderem ser mais uma vez consideradas “algozes” da violência que propriamente sofrem. Porra!!!
E o feminismo que tenta limitar tais escolhas no question fashion ou comportamento dizendo o que e como ser e estar para ser moderna, algo tão aprisionado quanto os “policies” dos decotes e minis, para quem a mulher deva ser violentada se assim sair por aí. Bagaceira do atraso para ambos. O termo “feminazi”, com ou sem propriedade vem sendo usado neste sentido, policialesco, ou ainda (mal) ampliado à mera atitude de uma mulher que luta por seus direitos de humana.
Com medo de um imaginário social aqui e ali, prisioneiras de uma ameaça de violência física e simbólica mais adiante.
O feminino contemporâneo imprescinde de uma imagem de mulher com inúmeras faces e desejos e que, nem por isso precisam ser considerados paradoxais. Desejos múltiplos para uma mulher que se descobre livre e com possibilidades ampliadas de escolhas.
Citando 2 mulheres incríveis:
Pelos anjos de Zuzu Angel, protetora das mulheres elegantes que usam a moda contra a opressão.
E nos caminhos da mulher atitude “Não se nasce mulher: torna-se.” Simone de Beauvoir

Fonte: http://paginacultural.com.br/plastilina-feminismo-x-moda/

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